12.11.05

Cacatua sanguinea


" porque a música de dança também é para ouvir... " e dançar!!


Este é o título mais desprovido de qualquer tipo de conceito apolínio. É absurdo e paradoxal. Não afirma , declara em tom exclamativo ... que a música se é de dança é para ser ouvida como se fosse um excerto de uma resposta à pergunta : para que serve a música de dança? a pergunta isolada de um qualquer contexto é espacial, entenda-se sobre-humana. A resposta pela sua exigência requeriria tamanha investigação não só teórico mas também prática que para ser compreendida isso só seria possível através de uma planificação cuidada e de uma boa dose de motivação do professor ao seu aluno para que este antes mesmo de a compreender a sentisse como que numa epifanía. As epifanías são próprias de uma sabedoria ancestral. Os indíos que habitavam a natureza e eram parte integrante da natureza - logo muito mais sujeitos a fenómenos deste género visto que a natureza é o quadro por excelência de uma experiência cósmica - , quando nascia uma criança os pais ficavam em meditação de pôr-do-sol a pôr-do-sol com as palavras cantadas por companhia. Isto para dizer que as epifanías surgem quando o inconsciente se sobrepõe ao consciente quer através do cansaço, de drogas ou alcoól e curiosamente é este o conhecimento supremo que nos fica marcado no corpo e não na parte exterior de nós mesmos, ou seja a consciência. Este título é assim a explicação da perfeição apregoada por Nietzsche : A saúde e a doença são uma síntese combinada no interior do Homem, e se bem feita dá-se o desenvolvimento humano. a declaração é feita num momento cósmico, expressa na redundância da frase: a música de dança também é para ouvir, como é óbvio pois não sendo assim como seria possível dançar? - exceptuando claro está o poder das vibrações - porém a redundância desaparece e projeta o Homem para o futuro para um patamar superior de entendimento. Na verdade o segredo está na palavra também que sugere o desaparecimento da redundância porque , é a evidência de que o autor reconhece a redundância e a ultrapassa : concorda que para se dançar é preciso ouvir porém a palavra também remete-nos para um ouvir diferente. O autor do slogan, que por o ser tem de ser apelativo e como tal misterioso e incompleto de modo a atingir uma maior variedade de públicos-alvo, não nos diz que o acto de ouvir música de dança implica escutarmos o nosso corpo, a nossa irracionalidade muda e que o diálogo não surge através de palavras redutoras, guerreiras do consciente, mas sim pelo ritmo, um diálogo entre o nosso ritmo e a música, a dança torna-se num libertar irracional que se ajusta na perfeição à matemática do ritmo, que provoca o ritmo e que é induzido pelos movimentos numa simbiose cíclica e perfeita entre a nossa cabeça e o nosso coração, um diálogo profundo que nos mergulha em abismos ou nos eleva em paraísos existentes cá dentro como que numa autêntica experiência xamânica, um escutar de um diàlogo interior que apenas um poeta.. que preveja o futuro da sociedade, que seja o nosso vidente.. com o seu poder de síntese nos poderia explicar de maneira que sentíssemos o incompreensível, a construção de um futuro de um projeto rejuvenescedor e renovador da música de dança.. que também é para ser ouvida.

Tiago Nunes

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

tantas coisas para se escrever.. o terrorismo e a ligação deste à culpa judaico-cristã que por vezes nos lembramos de sentir.. a xenofobia o fascismo a revolução ou até uma renovação. sexo. mas não isto é profanar a música com palavras.. muito mau.

10:17 da manhã  
Blogger dmns said...

Anonymous
Podia até ter abordado o tema tabu a mulher... vi a verdade e não ceguei. Mudas de posto, as baladas da rádio são sempre iguais.

1:28 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home