25.7.06

Trichoglossus chlorolepidotus


"O inferno é o buraco.
Os bichos mordem o corpo todo, que estão debaixo da terra.
O Jesus faz um boneco de barro e depois sobra no nariz e vira pessoa.
O Jesus vem numa nuvem com muitas nuvens e tras pessoas para o ceu.
Achas que podemos fazer aqui um castelo quando Jesus queimar isto tudo?
Mas eu também quero dizer que fui eu que contei a historia."

Lucas
(...)


Fifteen men on Dead Man´s Chest.
Yo-ho ho and a bottle of rum!


(...)


Quilhas partidas, navios ao fundo, sangue nos mares!
Conveses cheios de sangue, fragmentos de corpos!
Dedos decepados sobre amuradas!

Cabeças de crianças, aqui, acolá!
Gente de olhos de fora, a gritar, a uivar!
Eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh!
Eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh!
Embrulho-me em tudo isto como uma capa no frio!
Roço-me por tudo isto como uma gata com cio por um muro!
Rujo como um leão faminto para tudo isto!
Arremeto como um toiro louco sobre tudo isto!
Cravo unhas, parto garras, sangro dos dentes sobre isto!
Eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh!

(...)

Ah, ser tudo nos crimes! ser todos os elementos componentes
Dos assaltos aos barcos e das chacinas e das violações!
Ser quanto foi nos lugares dos saques!
Ser quanto viveu ou jazeu no local das tragédias de sangue!
Ser o pirata-resumo de toda a pirataria no seu auge,
E a vítima-sintese, mas de carne e osso, de todos os piratas do mundo!

(...)

Estar convosco na carnagem, na pilhagem!
Estar orquestrado convosco na sinfonia dos saques
Ah, não sei quê, não sei quanto queria eu ser de vós!
Não era só ser-vos a fêmea, ser-vos as fêmeas, ser-vos as vítimas.
Ser-vos as vítimas - homens, mulheres , crianças, navios - ,
Não era só ser a hora e os barcos e as ondas,
Não era só ser vossas almas, vossos corpos, vossa fúria, vossa posse,
Não era só ser concretamente vosso acto abstracto de orgia,
Não era só isto que eu queria ser - era mais que isto o Deus-isto!
Era preciso ser Deus, o Deus dum culto ao contrário,
Um Deus monstruoso e satânico, um Deus dum panteísmo de sangue,
Para poder encher toda a medida da minha fúria imaginativa,
Para poder nunca esgotar os meus desejos de identidade
Com o cada, e o tudo, e o mais-que-tudo das vossas vitórias!

(...)

Moços de esquina - todos nós o somos - do humanitarismo moderno.

Estupores de tísicos, de neurasténicos, de linfáticos,
Sem coragem para ser gente com violência e audácia,
Com a alma como uma galinha presa por uma perna!

Ah, os piratas! os piratas!
A ânsia do ilegal unido ao feroz,
A ânsia das coisas absolutamente cruéis e abomináveis,
Que rói como um cio abstracto os nossos corpos franzinos,
Os nossos nervos femininos e delicados,
E põe grandes febres loucas nos nossos olhares vazios!

(...)

Álvaro de Campos

12.7.06

Aratinga guarouba


Depois da chuva andei a apanhar caracoletas, fiquei encharcado, e com o corpo todo a colar. Agora um pouco aborrecido acredito que se gritasse com muita força até conseguia por um recipiente de plástico a sangrar ou um daqueles astronautas do mac a chorar. Muito fixe andar no meio da erva alta e a meter os cornos debaixo das árvores, os muros os abelharucos as silvas os corvos a chuva o calor a luz o meu corpo. Recomendo! Substitui perfeitamente o comprimido.

8.7.06

Ara ararauna


A visão da vagina afasta o diabo...

3.7.06

Aratinga acuticaudata


O Ricardo deve ter pensado: a puta da velha ainda se larga a tossir quando lhe tiver a ir ao cu e fico aqui sozinho a bater à punheta. Atirou-se três vezes para a bola e defendeu. A velha dormia, ou não deram por ela, é bom quando tudo acaba bem.